quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O folclore e a educação.


Guilherme Santos Neves, folclorista capixaba, exalta a importância social do folclore:

“(...) O folclore  ̶  Umas das mais pitorescas. Das mais interessantes ciências humanas é, sem dúvida, o folclore, que estuda e interpreta o saber, ou melhor, a sabedoria popular, ou melhor ainda, a própria alma do povo, que se manifesta  e projeta através doq eu ele, povo, canta, conta ou faz.
                Por aí bem se pode sentir a extensão e latitude do seu campo de pesquisa: a poesia, a música popular, que se ramificam e florescem nas cantigas, nas trovas singelas, nas canções de ninar, nas xícaras e romances velhos, nas modinhas e lundus, nos abecês e desafios. A dança, ao autos e dramatizações, com os reisados, lapinhas, cheganças, fandangos, marujadas, congos, pastorinhas e cavalhadas. Os folguedos infantis, com suas rodas ou rondas, parlendas e pegas, jogos e brinquedos, histórias e lendas sua gíria colorida. As supertições e crendices, que se alastram por todos os aspectos da vida humana: orações fortes, conjuros, ensalmos, patuás, assombrações e presságios, medicina popular. A linguagem do povo, com os provérbios, adivinhas, símbolos e mímica, frases feitas, apelidos, calão  ̶  emfim, todo o saber popular, toda a ciência ou sabedoria do povo, variada, multiforme e pinturesca  ̶  este o material copioso sobre que se levanta e se apoia o folclore  ̶  a ciência das tradições populares.
                À primeira vistam há de parecer a muita gente ser o folclore passatempo do vulgo e das crianças, coisa inconsequente e frívola, velharia que convinha antes arquivar e esquecer, nesta fase tão apurada e trepidante da civilização. Há, felizmente, os que conhecem e proclamam as múltiplas vantagens do folclore e a necessidade do seu estudo e aplicação, porque, através dos elementos que o compõem, se revela a céu aberto a alma coletiva, por meio da qual se poderá sondar mais fundamente a alma humana.
                A nosso ver, existe ainda um sentido mais nobre, mais íntimo, no estudo e aplicação do folclore  ̶  é o afetivo rememorar das coisas idas, o reviver da cultura tradicional do povo, essa volta, esse retorno sentimental ao passado, tantas e tantas vezes preciso, para melhor se viver o presente e estruturar o futuro. (...)”
Trecho do livro “Coletânea de estudos e registros do folclore capixaba (1944-1982)”, v. 1, págs. 61 e 62.



REFERÊNCIA:
NEVES, Guilherme Santos; NEVES, Reinaldo Santos. Coletânea de estudos e registros do folclore capixaba: 1944-1982. Vitória, ES: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas do Espírito Santo, 2008. 

Entenda a intervenção...


Por que banheiros?
É o local onde os “mais insanos, egocentristas, revolucionários, dramáticos, pervertidos e apaixonados poetas surgem, onde todos fazem parte da realeza, assim que se apoderam do trono” (autor desconhecido).
Durante nossa intervenção, como esperávamos, encontramos várias frases, poesias, desenhos e desabafos nas portas dos banheiros e nas paredes dos Centros desta Universidade. Com o objetivo de incitar a curiosidade da comunidade local pelo folclore capixaba, colamos cartazes com trechos da lenda capixaba “O frade e a freira”. Em todos os cartazes divulgamos nosso sítio: http://intervencao-lendaria.blogspot.com.br/.